Inicio > Bad beat (quase) na bolha: análise e relato cruel de um High Roller no CPH

Por Vini Marques

A última etapa do Campeonato Paulista de Poker 2018 foi marcada pela disputa pelo título do ranking anual do CPH, protagonizada neste ano por Norson Saho Flag of Brasil e Luiz Miranda Flag of Brasil, dois ícones da regularidade nos panos do H2 Club.

A briga, cabeça a cabeça, roubou os holofotes no clube paulistano. Os dois jogadores, após anos brilhantes, acabaram decidindo o título no finalzinho, e uma disputa direta no High Roller One Day de R$ 50 k.

Torneio esse que eu também disputei, mas dessa vez – por pouco – não premiei. Fiquei na pré-bolha. Não veio o dinheiro, mas veio a inspiração de escrever sobre minha participação e sobre os detalhes da disputa que acompanhei de camarote (ou melhor, na mesa mesmo).

O High Roller One Day teve buy-in de R$ 1500, com recompras ilimitadas, e foi um sucesso, contando com field de 59 jogadores e sendo palco, como dissemos, da decisão do ranking entre Norson x Miranda! Mas vamos ao que interessa aqui: A avaliação da técnica do torneio:

EARLY GAME
Sentei em uma mesa com muitos jogadores experientes. Entre eles Stetson Fraiha e Lulu Helipa e (mais tarde) Fernando Grow. Um field de respeito que não facilitou em nada minha vida, apesar de duas dobras minhas: AJ contra A6s de Stetson e 99 contra AK do Grow.

Minha estratégia, como de costume, foi a separar o torneio em dois períodos:

  1. Período AR (Antes do rebuy) Jogar o oposto da mesa e geralmente comprimir o range de blefe e expandir o range de valor. Em resumo, jogar mais na retranca, porque a maioria das mesas é composta por caras que dão limp e, assim, potes com 5 ou mais jogadores são bastante frequentes.
  2. Período DR (Depois do rebuy) – Soltar mais o braço, inserir novas ferramentas e ficar de olho na mudança de marcha dos adversários.

Mesa final do High Roller Oneday, no CPH

Passei o período das recompras com um stack de 45 big blinds aproximadamente e tendo gasto apenas um buy-in. Ou seja: sucesso total!

MIDDLE GAME

Apesar de considerar essa fase do jogo a minha melhor, as coisas não andaram muito bem nesse evento. Minha atuação não foi das melhores provavelmente porque não consegui me adaptar a mudança de jogadores na mesa. Acho que deixei passar muito spot bom e acabei minguando meu stack para a casa de 20/25 bbs (muito comum esse leak e um dos mais importantes para se trabalhar. Nessa fase do jogo, Luiz Miranda havia sido remanejado para a minha mesa e demonstrou um jogo técnico, moderno e efetivo. Quando me dei conta que estava refém das cartas e mudei um pouco o mindset, mas já estava com os 15 blinds!

BAD BEAT QUASE NA BOLHA: QUEM NUNCA?

Restavam duas mesas no torneio. Depois de ter feito um early game bom e um middle game bastante questionável – para não dizer horroroso – eu seguia no jogo –  agora remanejado na mesa do genial Norson Saho, que jogava pressionado pela disputa do ranking.

Fator esse que gerou um bom spot para resteal; e assim foi na primeira oportunidade, porque ele teria um range de call muito restrito, já que Miranda – seu rival na briga pelo ranking anual – estava curto na outra mesa.

Depois de algumas mãos, Norson – que eliminou Christian Porras me enfrentou quando eu era big blind e tinha um stack de 17 BBs. Foi aí que meu querido amigo anuncia all-in e eu me deparo com AA. Minha resposta, obviamente é um Insta-Call, mas o baralho judia de mim. No flop, um K-4-4, seguido de um 3 no turn e, no river, um K.

Meu rival tinha 4% de chance de levar a mão no river, mas levou. Fui eliminado na décima segunda colocação. Sempre dói uma bad beat destas nesse momento e num torneio desses, mas, faz parte. Segue o baile.

Norson Saho, o campeão do torneio

PÓS-ELIMINAÇÃO: NORSON VS. MIRANDA E UMA ESTRATÉGIA SEM PRECEDENTES
Que espetáculo acompanhar de camarote essa decisão. Norson começou o torneio atrás no ranking, mas chegou com à mesa final com mais fichas. Cada vez que um jogador era eliminado, as chances de Miranda aumentavam, então Norson, com mais fichas, se viu em uma situação muito peculiar. Tinha que chegar longe, mas não podia eliminar outros jogadores.

O jogador, então, começou a ganhar fichas, mas sem eliminar jogadores –algo sem precedentes na história. Acompanhei tudo enquanto debatia com Marcelo Giordano sobre o quão especial era essa disputa.

No final, o mais improvável aconteceu. Deu Norson. Campeão paulista de 2018 e campeão do evento (US$ 45,000). Miranda, vice-campeão do ranking, ficou em sexto no High Roller, e levou para casa US$ 5.500.  Parabéns aos dois guerreiros, protagonistas de uma das disputa mais emocionantes de todos os tempos por um ranking dentro do poker! Apesar de sair fora do ITM, por causa de uma bad beats daquelas, foi um grande dia.

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