Inicio > Vini Marques: Como foi meu retorno ao Campeonato Paulista de Poker

Por Vini Marques

Conhecido como ‘Campeonato Paulista de Hold´em’ (ou Campeonato Paulista de Poker), o CPH, mesmo regional, é grandioso. Em sua última edição de 2018, encerrada nesta semana, o evento principal atraiu um field de 586 entradas – ao buy-in de R$ 1200 e com sistema de reentradas ilimitadas.

Destas tantas entradas, uma foi a minha. Foram anos fora – vendo a ação como comentarista apenas – e reencontros, na vida como no jogo, nem sempre são felizes, mas tudo correu bem. Em meu retorno, terminei o torneio, que premiou os 55 melhores, em 37º e fiquei contente com o meu desempenho.

Este texto, minha segunda coluna aqui no CodigoPoker, fala do meu torneio. Traz, em ordem cronológica, uma avaliação de acertos e equívocos de estratégia meus ao longo do torneio:

INÍCIO: NÃO SE GANHA O TORNEIO NO PRIMEIRO NÍVEL
O torneio começou com 25.000 fichas e blinds de 50-100 e duração de uma hora. Começos de torneio costumam ser protocolares, já que, a essa altura, o jogo ainda está deep stack. Na minha mesa, porém, foram os muitos jogadores cometendo erros graves, como o de jogar potes de 100 Big Blinds com AK nesta fase inicial.

Em outras palavras, eram muitos tentando ganhar o torneio no primeiro nível de blinds, o que, sabemos, não é possível.

Como, então, se portar nesse tipo de situação? Diante deste cenário, é preciso comprimir o range de blefe, expandir o range de valor e fazer ajustes nos betsizes (este um fator fundamental para alcançar o chamado edge ou, simplesmente, a vantagem).

ESQUEÇA A MÉDIA E IVERTA O ESTILO
Neste retorno ao CPH, o jogo foi se desenvolvendo numa boa nos primeiros instantes.  Sobre a evolução em um torneio, deixo uma dica importante: não se importe com a média de fichas, poxa. O jogo é indexado em número de Big Blinds. Ou seja, sua estratégia não muda nada por estar “menor do que a média”, o que é, como pude observar, motivo, porém, de reclamação de diversos jogadores.

Mais importante do que estar ou não acima da média, é saber se comportar nos diversos estágios de um torneio.  Uma terceira valiosa é: jogue no estilo o oposto ao da mesa, ou seja:

  • Se o jogo estiver muito acelerado, recue um pouco, porque você não precisa dar ação para ter ação em uma mesa muito loose.
  • Quando jogo estiver passivo demais, tome a iniciativa com maior frequência.

Saber dosar energias para os momentos críticos é de suma importância, porque nem o Phil Ivey consegue jogar seu A-game por 10 horas seguidas. Nesse ponto a experiência conta muito, já que a mudança de marchas (ritmo de jogo) é super importante. Uma habilidade que, desde a publicação do livro Super System (Doyle Brunson Flag of Estados Unidos,1978), sabemos ser das mais importantes dentro da nossa nobre arte!

BLINDS MAIORES, NOVOS ERROS DOS RIVAIS
Quando os blinds tocaram 250/500, muitos jogadores entraram em um dilema: “ficarem grandes ou irem para a recompra”, eis a questão que a muitos atormenta.

Sinceramente, acho que a maioria dos jogadores subestima o stack de 25/30 big blinds e, por isso, gastam mais dinheiro do que deveriam. Existem, claro, exceções de top players que preferem algumas vezes arriscar mais para tentar uma classificação para o dia 2 com um stack maior, que lhes permitam pressionar mais seus rivais.

Nestes blinds maiores, gostei muito da minha estratégia, porque reparei muitos calls nos raises: esse é, justamente, um spot perfeito para o “squeeze”, pois o conceito de dinheiro vivo x dinheiro morto se faz presente – e aí todos devemos agradecer o mestre Andrew Seidman Flag of Estados Unidos por ter abordado tão profundamente essa questão em outra publicação excelente: Easy Game (coletânea, com três volumes).

Tentei punir limpers com raises fortes. Puxei algumas, perdi outras; supervalorizei alguns blefes, mas isso é normal e constante no caminho para a evolução do jogo. Afinal, se todos nossos os blefes passassem, teríamos um sinal que estamos blefando muito pouco. É fundamental, portanto, fazer essa análise crítica sobre esse fundamento.

Não adianta repetir aquele discurso de que “Jogo direitinho, na regra, não blefo e tento extrair valor”. Com essa filosofia, o ITM será a sua maior conquista e você ficará refém de suas cartas para fazer algum resultado grandioso.

Consegui manter a concentração durante boa parte do dia e minha estratégia de jogar o oposto da mesa e de identificar bons spots de squeeze e ajustar os sizebets contra jogadores desbalanceados deu certo. Passei com quase 40 Big Blinds e bastante contente com o jogo apresentado.

Confira, a seguir, jogadores que chamaram minha atenção nas mesas que joguei no dia 1:

Flávio Leão – com um jogo muito inteligente e estratégias bem desenhadas se mostrou uma adversário muito difícil e certamente vocês vão escutar o nome dele com muita frequência.

Bruno Neves – não é nenhuma surpresa, pois é um jogador muito competente, experiente e estudioso e me pegou no pulo algumas vezes.

Lulu Helipa – cara muito experiente e malandro de jogo, sempre ligado nas mudanças de marcha e conhece o field como poucos. Como sempre um adversário difícil dentro dos feltros do CPH.

Amanhã, publico o texto sobre o dia 2 e espero que vocês tenham gostado do artigo! Compartilhem e comentem!

Grande Abraço!

Agradecimento

Retornar ao maior circuito do Brasil foi uma grande experiência. Agradeço aos meus apoiadores CodigoPoker, partypokerBr e Rei da Barba pela oportunidade de voltar com todo respaldo ao circuito de torneios profissionais.

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