Inicio > Mulheres no poker, mulheres no esporte: a jornada em busca da popularização

Recentemente, Marta Flag of Brasil, a melhor jogadora de futebol do Brasil, fez um desabafo que ganhou grande repercussão dentro e fora do Brasil. Minutos depois da Seleção cair da Copa do Mundo Feminina, eliminada pela França, no estádio de Le Havre Flag of Francia, Marta, exausta, foi aos microfones. Em dois minutos e meio, não falou do jogo.

O desabafo disse muito sobre a dificuldade de fazer sobreviver o futebol entre as mulheres no Brasil; falou da vontade de desistir às vezes, do machismo, da falta de apoio e de credibilidade. Mas pediu mobilização às meninas praticantes da modalidade. «O futebol feminino depende de vocês para sobreviver! Valorizem mais», disse a craque.

Marta, o futebol e o poker

Naquele momento, Marta falava do futebol feminino, mas poderia fazer referência à batalha das mulheres em qualquer outra modalidade. Até o poker. Sim, ao poker também. Por que não?

O poker é um esporte diferente, é verdade, em que é possível sobreviver individualmente, independentemente de estrutura e apoio midiático. Mesmo assim, embora possível, não é provável vencer se está – no caso das mulheres – sozinha.

Luiza Simão, a profissional que briga por popularizar o poker entre as mulheres

Elas precisam tomar conta – ou pelo menos dividir espaço – dos torneios e cash games, ambos dominados pelos homens. Mas é tarefa complicada fazer aumentar a presença delas, se nem sempre apoio existe, se a credibilidade nem sempre vem, se os olhares são atravessados e cheio de preconceito.

Então, como fazer a modalidade crescer. O caminho é longo, mas há mulheres embrenhadas nessa estrada. A profissional Luiza Simão Flag of Brasil é uma delas. Em junho, ela criou o Poker Feminino Brasil, grupo de Whatsapp que tem como objetivo impulsionar o jogo entre as mulheres, além de disseminar conhecimento por meio da troca de experiência.

Hoje, falamos com Viviane Flag of Brasil, Priscila Flag of Brasil e Camila Flag of Brasil – três mulheres participantes do grupo, três jovens jogadoras e entusiastas do poker, que não são profissionais, mas buscam diariamente evoluir para um dia baterem de frente com os melhores neste universo tão competitivo, em que o ecossistema, dizem, é composto por duas espécies: peixes e tubarões.

Rotina: em busca de evolução

Aos 36 anos, Viviane Vieira é uma dessas apaixonada por poker que começou há pouco tempo, mas sonha alto. Ela joga desde 2017, com o nick de ‘Vivianeev’ (partypoker), e hoje ela se define como «recreativa sonhando em ser profissional».

A jogadora ela faz parte de uma nova geração que absorve conhecimento por meio das lives e sessões de jogadores no Twitch. «Acompanho jogadores como, por exemplo o Lui Martins Flag of Brasil, que fazem Twich ao vivo»,diz Viviane, ao ser perguntada como costuma estudar. «Jogar e assistir vídeos é a melhor forma de evoluir aprender».

As lives no Twitch fazem sucesso entre as mulheres começando no poker

Vivianeev‘ reconhece a importância dos torneios ladies, de field exclusivamente feminino, mas vê como fundamental a superação dessa barreira em algum momento. «Acho que são bons porém acho que acredito que o caminho é incentivar as mulheres a participar de torneios mistos», diz a jogadora que, até o momento, restringe sua atuação a torneios online.

Ladies, fundamental para quebrar inibição

Priscila Souza, 26 anos, também é recreativa, embora não seja nenhuma novata, já que joga desde 2010. Ela, que atua joga como Priscilasp, é entusiasta dos torneios exclusivos para mulheres e especial no poker ao vivo onde, segundo ela, muitas jogadoras sentem-se intimidadas pelo ambiente dominado por homens. «Quando o assunto é live acho muito legal, porque abre espaço para novas jogadoras que se sentem intimidadas por iniciar em um hobby com predominância masculina».

Tal qual Lulu Santos, ela vê, porém, a vida melhor no futuro do poker, embora reconheça que as mulheres tem espaço pequeno no field. «Acho que por se tratar de um esporte da mente onde todos os gêneros competem em igual capacidade, o poker tem grandes chances de crescer e com divulgação e grandes ideias o poker feminino irá se aproximar da equivalência do masculino sendo mais comum a presença de mulher em grandes eventos, ganhando grandes torneios, liderando coaching e por aí vai».

Às vezes não fecha uma mesa

Os primórdios do futebol feminino no Brasil; modalidade teve dificuldades para se popularizar entre as mulheres

Camila de Bastos (que joga como Camis Semidi) tem 30 anos, também recreativa e está no poker desde 2016. Nesse pouco tempo já viu bastante coisa, incluindo a dificuldade que é muitas vezes reunir um grupo grande, capaz de formar um torneio.

«(Os torneios ladies) são importantíssimos. O poker é um esporte democrático. Mesmo assim, são poucas as mulheres que participam. Para se ter noção, eu tentei participar de Ladies aqui em Vitória/ES e não fechou mesa», conta a jogadora. Hoje, os torneios são menores e as vezes não elas não fecham uma mesa. Mas a participação feminina cresce, dia após dia, iniciando uma jornada que promete ir longe.

Um século de espera

A estrada é longa, mas ela existe – ou melhor: está sendo pavimentada. Voltemos um pouco ao futebol. A primeira partida da modalidade no Brasil aconteceu em 1921 – um amistoso entre as garotas do Cantareira e do Tremembé, na zona norte de São Paulo.

Na época, era, sem dúvidas, difícil «fechar uma mesa» nos campos de futebol. 98 anos depois, o Brasil parou para ver a Seleção na Copa do Mundo e, depois, para testemunhar o desabafo de sua maior estrela – embora, o tratamento no dia a dia ainda seja muito diferente entre homens e mulheres.

Será que vai demorar quase um século para vermos em um torneio um field com número parecido de mulheres e homens? Se depender delas, esse dia vai chegar bem mais rápido.

O desabafo de marta:

 

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