Inicio > Síndrome da Jogada Rebuscada: a ‘doença’ que pode estar matando o seu jogo

Ser criativo, agressivo e ousado é o objetivo de todo o jogador de poker. A partir daí, um praticante deste esporte mental vai em busca de dois objetivos em uma mesa de jogo:

– Ser imprevisível (fazer jogadas não-exploráveis).

– Obrigar seus adversários a fazer jogadas previsíveis (culminando em jogadas exploráveis).

As afirmações acima são verdadeiras, mas, para realizar uma jogada criativa, é necessário que o adversário esteja na mesma sintonia ou próximo da sua sintonia de jogo.

Quando enfrentamos rivais que tem outras motivações na mesa – como jogar exclusivamente para melhorar a mão – e não estão nem aí para conceitos como range, posição, stack, entre outros, temos de adotar outra estratégia.

Ser agressivo e criativo é fundamental, mas esse fim deve ser buscado com objetividade e senso crítico, senão o jogador de poker corre risco de contrair uma «doença» grave: Síndrome da Jogada Rebuscada.

COMO DEFINIR ESSA «SÍNDROME»?

A incapacidade de se adaptar corretamente a seus rivais e o impulso de fazer a ‘grande jogada’ – o move ousado e criativo contra os adversários errados – são as características que definem esse erro básico, mas muito perigoso para o jogador de poker.

Combater essa síndrome é fundamental para que o praticante do poker mantenha saudável seu jogo (e seu bolso, também). O primeiro passo para curar esse mal é, porém, para muitos o mais difícil: é preciso reconhecer que há um problema e ele está em você, não nos outros.

CRISES E SINTOMAS

A cena é familiar a qualquer jogador: Diante de um movimento desastroso, o derrotado – em vez de reconhecer o equívoco e reavaliar sua linha de raciocínio – culpa o rival pelo “erro” de não “entender” sua jogada, que deveria ser genial.

A atitude, infantil, nada agrega ao jogador. Serve apenas para constranger – ele e todos os parceiros de mesa. Os sintomas desta síndrome – graves e prolongados – são diagnosticados por todos ao final da mão e se prolongam por minutos afim, servindo de estopim para aqueles coachings de porta de cadeia e para a indefectível choradeira habitual que tanto se vê em clubes pelo país afora.

CAUSAS

Portadores da Síndrome da Jogada Rebuscada usam motivações equivocadas para justificar a ousadia. O jogador de poker tende a achar que é melhor do que de fato é e permite que sua capacidade de avaliação objetiva seja contaminada por um sonho de grandeza um tanto infantil.

O objetivo, muitas vezes, é contar a parada no fumódromo, no break, e a dificuldade de reconhecer as próprias fraquezas explica a atitude de criticar o oponente por ter tomado uma decisão supostamente errada.

DIAGNÓSTICO E CURA

Uma vez acometido pela crise – e elas podem ser fortes –, o ‘doente’ adotará em seu discurso uma mistura de autopunição e busca por compaixão.

Sintomas que apontam para o diagnóstico final: a causa da síndrome é o desejo irracional do jogador em afirmar o seu EGO, fazendo-o ignorar o óbvio: o único culpado por seus martírio é ele mesmo, que tentou rebuscar em vez de fazer o simples. Escolheu a jogada errada para aquele adversário.

Tapar o sol com a peneira é mais fácil, mas deixa o ‘doente’ cada vez mais longe da cura. A maior qualidade de um jogador de poker é a autocrítica. Sem identificar que muitas vezes incidimos no erro da Síndrome da Jogada Rebuscada, o caminho para a evolução será tortuoso.

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