Inicio > Após WSOP ruim, Simão desabafa: ‘Não dei a importância que o Mundial merece’

Luxo, dinheiro, fama e prestígio. A vida ideal de um jogador de poker é um sonho. Sonho inspirado no life style dos maiores jogadores do mundo. Que parecem estar sempre num upswing interminável – entre viagens fantásticas e premiações milionárias.

Bem, “nem tudo que reluz é ouro”, como diz o ditado. Para cada vencedor, existem muitos perdedores que a história nem sempre faz questão de lembrar.

João Simão  é certamente um vencedor. É o 5º jogador mais premiado na história do poker ao vivo do Brasil, segundo o site Hendon Mob (depois de Alexandre GomesFelipe MojaveAndré Akkari e Thiago Decano), com $ 2,125,198, e o segundo maior do país em todos os tempos no poker online, com mais de $ 7 milhões, de acordo com site PocketFives.

Mesmo assim, Simão, hoje o maior representante do partypoker no Brasil tem seus momentos de derrota. Não tem sido dessa maneira em 2018, temporada fantástica em que acumula mais de $ 1 milhão apenas em torneios ao vivo. Mas assim foi na World Series of Poker.

Após brilhar intensamente, o mineiro, segundo suas próprias palavras, permitiu que o sucesso tirasse seu foco. E o tombo foi duro. Veio no maior dos palcos. Em Las Vegas, onde jogou uma reta cara e conseguiu bons resultados. Em Las Vegas, onde buscava, além de dinheiro, um bracelete de campeão mundial para consolidar sua carreira brilhante.

O nome de Simão, notícia dia após dia, graças a resultados impressionantes, saiu um pouco dos holofotes. Veio a temida downswing, que afeta todos os jogadores em algum momento. Nesta semana, depois de ser eliminado, Simão desabafou, na sessão stories de seu Instagram.

“Fico extremamente frustrado quando perco para mim mesmo”, disse o jogador, que assumiu toda a responsabilidade pelos maus resultados na WSOP. “Fico desolado quando, ainda por cima, percebo, antes mesmo de jogar, que vou perder para mim mesmo e ainda assim não consigo corrigir à tempo”.

Em um dos trechos mais marcantes, Simão afirma não ter dado a importância que WSOP mereceria e cita vários erros em sua preparação. Desde o planejamento da reta de torneios, até o tempo de descanso e recuperação.

“Direcionei meu inconsciente para uma zona de conforto. Não dei a importância que o campeonato Mundial merece.”

Apesar das críticas, Simão, que tem como costume ser muito exigente consigo mesmo, vê o lado bom da derrota momentânea.

“Cada ano que passa tenho mais maturidade para enxergar cada defeitinho, erro de planejamento. Limitação emocional. ETC, ao invés de me auto sabotar”, diz o jogador. “Evolui muito assim. Dentro e fora das mesas”.

Simão ao longo da última década construiu passo a passo uma das melhores carreiras do poker latino americano. O ano é ótimo. A WSOP, porém, foi ruim. Nem precisa entender tanto do jogo para saber que o mineiro tem tudo para voltar a brilhar muito em breve.

Confira, a seguir, na íntegra o texto publicado por Simão sobre sua passagem na WSOP.

Eliminado do Main Event. Alguns chocolates depois só queria deixar claro que caí jogando mal, consciente que ia fazer bobagem. E isso é o que me mata.

Não me senti feliz na WSOP. Acho vários pontos negativos. Em termos de experiência do cliente (jogador).

Mas eu precisava ser mais forte. Fazer o meu melhor. Compartilhei um pouco das minhas anotações para melhorar isso. Mas falhei. Fico extremamente frustrado quando perco para mim mesmo.

Fico desolado quanto, ainda por cima, percebo, antes mesmo de jogar, que vou perder para mim mesmo e ainda assim não consigo corrigir à tempo.

Por diversos motivos e diferentes prioridades. Não consegui vencer minhas fraquezas. Fico ao menos esperançoso. Cada ano que passa tenho mais maturidade para enxergar cada defeitinho, erro de planejamento. Limitação emocional. ETC, ao invés de me auto sabotar.

Evolui muito assim. Dentro e fora das mesas. Depois de passar os dois anos mais difíceis da minha vida. Trabalhar duro é preciso. Cheguei onde cheguei com muita renúncia e suor.

Fiz a enorme cagada de calcular pela primeira vez meu patrimônio antes de viajar, o que sempre evitei.

Tive a boa notícia de ter conseguido quase 10 vezes mais que planejava. Péssima hora. Baixei demais a guarda. Viver em alta performance é difícil. São inúmeras renúncias.

Fica uma dilema inconsciente entre não parar de batalhar ou respirar um pouco e curtir alguns momentos. Como família, lazer etc.

Direcionei meu inconsciente para uma zona de conforto. Não dei a importância que o Campeonato Mundial merece. Apanhei muito do baralho por aqui. Fato. Mas eu não fui merecedor de runnar bem. Triste realidade. Apanhar com dignidade é o que me resta.

(Preciso) Planejar melhor o amanhã. Sem um bom planejamento, me vi desgastando em torneios de 1k 1.5k, antes jogar torneios de 25k, por exemplo. Erro claro. Principalmente para 50 dias aqui.

Ritmo de sono caiu. De esporte. De satisfação. Me senti perdido. Acordava sem saber o que jogar e, pior, sem saber por que jogar. Por dinheiro. Competição. Prazer. Desafio. Superação.

Ter isso claro te ajuda a dar forças nas horas difíceis. Jogar todo dia, no automático, não foi certo. Errar faz parte.

Sou humano, com fraquezas e muito para evoluir. Fico muito feliz de entender meus erros. Espero conseguir melhorar. Encontrarei meu caminho mais breve possível.

Fico feliz em compartilhar minha experiência para ajudar. Nem que seja um de vocês a serem pessoas mais preparadas dentro e fora das mesas.

Fico feliz de ter batalhado duro por 12 anos. Para poder me dar ao luxo de errar sem maiores consequências.

Fico feliz de ver vários amigos dando duro e colhendo os frutos. Por fim, sou abençoado por ter família e amigos para me dar o suporte que preciso e voltar mais forte que nunca, com o apoio de vocês que me motiva demais.

Vou voltar ao meu melhor. Podem escrever. Vai ser mais breve que imagino. Eu prometo!

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