Desde torneios de caridade até os maiores palcos do World Poker Tour, Matt Savage tem sido uma peça-chave na evolução do poker tal como conhecemos hoje.

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Em uma extensa conversa no podcast The Overlay, o diretor executivo do WPT relembrou sua trajetória, compartilhou histórias pouco conhecidas e defendeu sua visão de um poker mais justo, humano e sem tantos celulares nas mesas.

Dos home games ao WPT

Nascido em San José, Califórnia, Savage começou como a maioria: jogando partidas com a família. No entanto, aos poucos, ele percebeu que seu verdadeiro lugar estava do outro lado da mesa. Com experiência nos primeiros cardrooms da sua cidade, foi testemunha direta da falta de consistência nas regras do jogo. “Cada cassino tinha suas próprias regras. Era um caos”, relembra.

“Eles me escrevem desde os home games com apostas de US$ 5.000 para que eu decida uma mão. Sou como o VAR do poker”, disse Savage.

A frustração foi a semente da Tournament Directors Association (TDA), uma organização fundada por Savage para padronizar o regulamento de poker ao vivo. Hoje, o aplicativo da TDA é usado por jogadores e organizadores de todo o mundo para resolver disputas e manter a integridade do jogo. “Eles me escrevem desde os home games com apostas de US$ 5.000 para que eu decida uma mão. Sou como o VAR do poker”, brinca.

Entre câmeras, regras e prêmios GPI

Savage não só tem dirigido centenas de torneios do WPT, como também ganhou um papel no filme Lucky You, no qual interpreta o diretor do torneio. “Primeiro me contrataram como consultor, mas acabei atuando”, conta com um sorriso.

Seu trabalho como figura chave do circuito já recebeu cinco prêmios do Global Poker Index e nove indicações ao Poker Hall of Fame, apesar de ainda não ter entrado. “Talvez quando eu me aposentar eles me deixem entrar. Por hora, sigo na ativa”, disse com humildade.

Mas nem tudo tem sido glamour. Parte do respeito que conquistou vem da sua proximidade com a comunidade. “Respondo mensagens toda hora. Se eu cobrasse 1 dólar cada vez que alguém me pede para decidir sobre regras, eu estaria aposentado”, confessa.

Poker ao vivo, mesclas e mentalidade de evento

Uma das grandes bandeiras de Savage é a defesa do poker ao vivo como a forma mais completa de disfrutar o jogo. “O online me parece solitário. Gosto de observar, falar, sentir o ambiente da sala”, explica. Até mesmo se mostra a favor de limitar o uso de telefones nas mesas: “Se não estivéssemos tão distraídos, o jogo seria muito mais humano”.

Ele também é um apaixonado pelos jogos mistos. Omaha Hi-Lo, Stud 8 e Badugi são seus favoritos. “O poker não é só No Limit Hold’em.  As mesclas fazem com que o jogo seja mais rico e desafiador”, argumenta. Ao longo da sua carreira, ele organizou torneios com até 64 variantes diferentes.

Desde sua atuação no WPT, Savage defende que os torneios devem ser uma experiência completa. “Nem tudo é sobre ganhar. Se alguém vem, perde e ainda assim sai feliz pela forma como se sentiu, fizemos bem o nosso trabalho. O poker também é hospitalidade”.